quarta-feira, 21 de maio de 2008

Z´África Brasil - Antigamente Quilombos, Hoje Periferia

O Brasil é um Quilombo

Salve, Salve família. A luta continua porque a luta é Atemporal.
O tempo passa, até parece que ta tudo igual?

O Brasil é um Quilombo.

Os Quilombos foram à base da formação do povo Brasileiro.
Das Tabocas Indígenas das Malocas dos Maloqueiros até as Aldeias Tribais dos Mocambos.
“Venho do Mocambo pra fazer Escambo, Quando os Homi vêm eu cambo, volto pro Quilombo.”
Nômades montanheses caminhando na selva por locais de difícil acesso, por onde a liberdade tenha progresso.
Vou pra terras dos Homens Livres.
Refugio de liberdade das heranças Africanas, do culto dos Orixás as palavras dos profetas contadas através dos Griots da tradição oral popular que vai passando de pai pra filho, histórias dos tempos D Angola, da magia da Capoeira do toque do berimbau e do atabaque.
Nesse Brasil de vários Mundos, a comunicação continua sendo através dos tambores, nessa exclusão digital onde muitos foram subjugados aos submundos, tantas terras que foram apropriadas pelos os senhores e o nosso povo acumulados nas moradas de barracos, das palhoças de barro onde sobrevivem sem infra estrutura adequada, com altos índices de desempregos condicionados a trabalhos de mão de obras barata nessa sociedade da modernidade continua de robotizar e coisificar.
Foi assim na zona rural e também nas grandes cidades.
Onde houve escravidão, houve Quilombos de resistência.
Em lugares estratégicos de preferência no alto de um morro nas encostas distantes dos grandes centros, onde coronel nenhum pudesse importunar.
Pra subir o morro até o Presidente treme.
De lá pra cá o que realmente mudou?
O que restou pra nóis?
Com que ficamos?
Com a sobra da sobra de um problema histórico intencional e institucional de um sistema governamental hereditário coronelista colonial.
E conforme o crescimento acelerado com o passar do tempo o Brasil foi virando o caldeirão das Etnias.
E os povos que sofreram com a opressão da escravidão não tiveram Reparação e lutam até hoje nessa falsa abolição.
A grande contribuição dos Africanos, Negros, Afros Ascendentes construíram outro país.
Com a força dos Nortistas e dos Nordestinos estamos mudando o destino de uma nação única no planeta.
Somos Brasileiros onde se fala Português, mas não somos Portugueses.
Somos a geração da nova era do Ser Humano Universal que tem seu próprio dialeto. América do Povo Nativo de terras indígenas invadidas por colonizadores Europeus que mais pareciam não ter almas, mentes doentes que chegaram atirando, infectando, escravizando, catequizando através de uma miscigenação forçada, capitalizada pelos os poderes escravocratas.
Comemorar a chegada da corte no Brasil por quê? Não.
Pra apreciar as obras do Debret. Não.
Onde a tal corte que pintô e bordô à custa dos Brasileiros.
500 anos do que? 200 anos de que? Fugitivo? Você viu bem quem fugiu!
Nem toda reserva Indígena o colonizador destruiu e todos os Quilombos e favelas que o opressor invadiu o seu ódio não persistiu.
Dia 20 de novembro se comemora o Dia da consciência Negra no Brasil.
Temos sempre que respeitar, preservar, contribuir e ressaltar os verdadeiros nativos e trabalhadores do Brasil.
O Brasil é um Quilombo com sua própria base de subsistência capaz e necessária a todas as comunidades remanescentes Quilombolas. Aqui na Periferia não estamos totalmente livres das doenças dos escravistas dizimistas, mas somos livres, livres e resistentes.
Vamos trazer de volta as riquezas que foram roubadas. Tudo, tudo o que é nosso, custe o que custar.
Zumbi somos nóis!
Zumbis da escuridão que trazem a claravizão da união dos Palmares.
Z´África Brasil – Z´Zulu Z´África Zumbi é a voz que representa a maioria, Antigamente Quilombos, Hoje periferia.
Quilombos não acabam, Favela Infinita.
O Brasil é um Quilombo um pedaço de África.

Gaspar – Z´África Brasil – Elemental –2008

terça-feira, 13 de maio de 2008

Z´ÁFRICA BRASIL

Z'Africa Brasil


We honour the elements of Hip Hop as a cultural movement. Our goal is to assimilate the entire diversity of rhythm, word and colour in order to summon the treasures of our ancestors' oral, ritual and spiritual traditions. "Z" stands for Zumbi, the leader of our biggest resistance movement against centralized power. Quilombos were settled to resist the oppression of slavery . In these fortified inland villages, fugitive slaves, were sheltered from the constant attacks sponsored in the XVII century by farmers and their armies. They formed a free parallel state of 100,000 people. Today, the peripheries of the big urban centres are packed with millions of semi-enslaved people. The name of our first album is Antigamente Quilombos, Hoje Periferia (Yesterday the quilombos, today the favelas). The favelas are rich in human relationships, creativity and improvisation, powers capable of overcoming a way of life marked by enormous social and economical inequalities.




Z'Africa Brasil "Tem Cor Age"






http://www.myspace.com/zafricabrasil

Z´África Brasil conjura bons fluídos



Z'África conjura os bons espíritos em 'Tem Cor Age'
por Guilherme Werneck, Seção: Resenhas, Imprescindíveis às 20:35:23.

Desde que o Z’África Brasil lançou Antigamente Quilombos, Hoje Periferia, em 2002, eu espero por uma seqüência tão boa quanto esse disco fundamental para o hip hop underground brasileiro. Isso porque Antigamente Quilombos, Hoje Periferia é, ao seu modo, um divisor de águas no hip hop nacional.

Primeiro com uma poesia dura, obviamente calcada na realidade da periferia brasileira, mas sem o caráter "gangsta", da glorificação da violência. E, em termos sonoros, o álbum de 2002 é um dos primeiros a abrir mão de transpor uma estética totalmente chupinhada do hip hop americano e tentar introduzir sons brasileiros, africanos e jamaicanos para cantar em cima.

Esse abrasileiramento do rap acabou se tornando corriqueiro no hip hop nacional, principalmente quando Sabotage e D2 sedimentaram a ponte entre a linhagem malandra que começa no samba de morro e avança sobre esse mundo sonoro que borbulha pelas bordas das grandes cidades. No caso de D2, até cansar, é verdade.

Agora Gaspar, Funk Buia, Fernandinho Beatbox e Pitchô voltam com a pedrada Tem Cor Age, lançado pela YB. De novo, é um disco ultra-instigante e inquieto do ponto de vista sonoro, já que o Z’África leva ao pé da letra a conexão explicitada no nome da banda.
Batuques infernais afro convivem com batidas mais retas do hip hop e há lugar até para um samba bacana, em homenagem ao rapper Sabotage, assassinado em 2003, e para ritmos nordestinos, como em "Rei do Cangaço", fantasia sobre Lampião.

As programações eletrônicas do disco -muitas delas a cargo de Érico Theobaldo (ou DJ Perifério, ou metade do Autoload ou, para os mais velhos, do Fábrica Fagus)– conseguem dar a dinâmica necessária para a música evoluir em volta, ora com scratches, ora com instrumentos como cavaquinho, guitarra, baixo, piano, gaita, sanfona, violão de aço, percussão, dependendo da faixa. E, para tocar esses instrumentos, o Z’África recebe um monte de gente bacana que têm gravado aqui em São Paulo.
De Fernando Catatau, guitarrista do Cidadão Instigado, a Céu, Toca-Ogan, Simone Soul , Zeca Baleiro e Théo Werneck.

Essa experimentação sonora serve para dar um colorido ao disco que poucos lançamentos de hip hop brasileiro têm. E o crédito tem de ser dado ao trabalho do grupo com membros do Coletivo Instituto, principalmente Rica Amabis e Tejo Damasceno.
Com essa produção, é possível se perder pelas viagens sonoras propostas para cada música. Tanto naquelas faixas mais sérias, que falam da realidade da periferia, de exclusão, da utopia do possível para melhorar a desigualdade neste país ("Mantenha a Guarda", "Tá na Responsa") e outras deliciosamente dançantes ("Falei", "Tô no Rolê").

E, claro, o Z’África comparece com a rima forte, o vocal quase ragga de Funk Buia, os sons bacanas de Pitchô e a contundência dos vocais arranhados de Gaspar.
Senti falta, porém, de aproveitar mais o beatbox sencaional de Fernandinho BeatBox.
Mas ele aparece perfeito em "Tem Cor Age" e em "Tô de Rolê".

Coragem e ação são mesmo os temas do disco, sempre da perspectiva periférica, ou, como o Z’África coloca, da perspectiva quilombola, miscigenada da periferia:
"Falo da quebrada porque nela é o meu lugar".

E fala com propriedade, como a letra da faixa-título:
"O que importa é a cor/E quem tem cor age/ Tem coragem de mudar o rumo da história/Coragem para transformar cada dia em vitória/ É o canto da sabedoria/ É o ataque/ Reage agora, reage/ Tem cor age, capoeira de maloca/ Do fundo do coração proliferam idéias/ Centuplicando o pão a cada passo de uma centopéia".

Que o Z’África continue proliferando idéias como essas, conjurando as almas loucas de todas as periferias do mundo, da Zona Sul de São Paulo às tribos de Judah.

segunda-feira, 5 de maio de 2008