Bate-papo com Z'Africa Brasil
Chutando para escanteio as influências do hip hop norte-americano ao introduzir referências brasileiras, jamaicanas e africanas, o Z'África Brasil mistura scratches com guitarra, baixo, cavaquinho, gaita, percussão, sanfona e o que mais aparecer pela frente. Assim, eles se firmam como um dos principais nomes do hip hop nacional. Neste novo trabalho o colorido especial fica por conta da participação de gente como Fernando Catatau (do Cidadão Instigado), Céu, Toca-Ogan (da Nação Zumbi), Simone Soul, Zeca Baleiro e Théo Werneck. RAÇA BRASIL levou um papo com Gaspar. Sente só!
Raça Brasil - Três anos separam Antigamente Quilombos, Hoje Periferia de Tem Cor Age. Por que demorou tanto tempo para mostrarem um novo álbum?
Gaspar - Por todas as dificuldades que passamos. Agregar pessoas ao nosso trabalho não é fácil. Este álbum é o início de uma nova fase em nossa carreira. Tudo com o Z'África Brasil é feito na base do escambo, da troca. Na vida a gente não faz nada sozinho.
O Z'África Brasil tem "coragem" para quê?
"Coragem" pra tudo! Para construir um castelo, para trabalhar, criar os filhos... Não estamos presos a nenhum estilo. Mesclamos todas as nossas influências. Vivemos em São Paulo, um lugar que tem samba, forró, capoeira... A arte é nosso caminho e vivemos essas influências intensamente. Somos como uma árvore, partimos da raiz africana para chegar ao som que queremos e poder expressar essas referências. O Z'África Brasil é um mix da cultura brasileira.
O novo álbum tem vários convidados especiais como a participação de Zeca Baleiro, em Rei do Cangaço. Como aconteceu está parceria?
Nos conhecemos pelas andanças da vida. Nós havíamos participado de As Meninas dos Jardins, música do disco Pet Shop Mundo Cão, de 2002. Desde então passamos a nos encontrar com mais freqüência e nossa união está cada vez mais forte.
Muitas pessoas ligam o hip hop a imagem de um negão com microfone na mão. Como é isso para você, que é branco e filho de nordestino. Já sofreu algum preconceito?
Já sofri muito preconceito, mas conquistei meu espaço. No Brasil o racismo é institucional. Uns já superaram isso, outros não. Meu pai é nordestino, minha mãe é descendente de italianos, minha sobrinha é negra... Isso é a história do povo brasileiro. Sou afrodescendente. Tenho o maior orgulho disso, embora seja o mais galego da turma. Minhas armas para combater o racismo são as rimas que faço.
O mais importante é o branco combater essa doença chamada racismo. Estou na linha de frente do combate. Temos que aprender a lidar com as etnias. Sou um quilombola branco!
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